Arquivo do mês: abril 2013

CAMPANHA CONTRA A FOME

Lula e Enrique Peña Nieto O nosso GUIA, como identificado há tempos pelo ilustre e respeitado jornalista italo- brasileiro Elio Gaspari (1944-     ), está viajando pelo México com o nítido objetivo de ajudar os mexicanos a estruturar uma campanha contra a fome. Fato este digno de encômio, principalmente por vir de um ex-mandatário que, ainda guru do partido no governo, (por tanto com ambições políticas definidas) conseguiu diminuir sensivelmente os índices de pobreza no Brasil a ponto de converti-lo (mesmo que de forma passageira) na sexta economia do planeta.
Sem tirar o mérito da “intenção” (se realmente soubessemos qual é) infelizmente, os critérios para estabelecer os índices de pobreza no Brasil, são coincidentes com os parâmetros monetários estabelecidos pelo Banco Mundial, quais sejam os da pobreza absoluta (pessoas vivendo com até um dolar por dia) e os da pobreza relativa em que as pessoas, através das políticas públicas de caráter assistêncial, tais como a “Bolsa Família”, a “Bolsa Escola” a “Minha Casa Minha Vida” e outras do gênero, tem a possibilidade de ultrapassarem esta linha de pobreza absoluta para viverem com recursos financeiros estimados entre um e dois dólares por dia.
No caso do Brasil, a passagem de grandes parcelas da população da linha da miséria absoluta, dentro dos critérios monetários aqui estabelecidos, foi consequência direta da distribuição de renda propiciada pelas políticas públicas supra mencionadas. Todavia, em qualquer hipótese, continuamos a lamentar que o salário mínimo no Brasil, tendo já ultrapassado o patamar de trezentos e cinquenta dólares mensais, ainda esteja longe de ser respeitado, inclusive e principalmente pelo próprio Poder Público, com maior ênfase no nível municipal dos estados do Norte e Nordeste, atingindo à classe dos professores rurais e em geral aos servidores com menor grau de especialização.
Da mesma forma, lamentamos que a verdadeira ótica da transposição da linha de pobreza do povo brasileiro, se tratando do Partido dos Trabalhadores no poder, não tenha como absoluta prioridade, a elevação da qualidade de vida da população através da melhoria dos serviços de saúde, de educação e de infraestrutura urbana (saneamento básico e transporte).
Curiosamente, esta esdrúxula aliança entre o PRI mexicano e o PT brasileiro, motivo do meu comentário, parece ser mais do que conveniente para ambos os partidos, aparentemente com objetivos diametralmente opostos, mas ambições comúns e recíprocas, como numa veradeira balança político-comercial entre os dois países .
Em função da recente diminuição dos patamares de popularidade da Presidente brasileira (a ponto de fazer com que o nosso Guia já manifestasse a intenção de testar outros políticos para a sua sucessão, como por exemplo o Governador de Pernambuco, senhor Eduardo Campos) e a conquista vital de um mínimo de popularidade para o Presidente mexicano, faz a famosa “caça aos votos” (de populações semelhantes do ponto de vista socio-cultural e financeiro) se apresentar como meta prioritária para ambos, sem falar da necessidade momentánea de importação de petróleo por parte da Petrobras (a partir do fracaso temporal da política de combustíveis no Brasil) e a indispensável aproximação de um lider Latino-Americano de apelo popular para um presidente mexicano cujo partido volta ao poder (depois de doze anos de pseudo alternancia democrática) pela via da fraude comprovada.
Se por um lado o interesse na melhoria da qualidade de vida do povo mexicano, nunca foi do interesse específico do PRI, seus dirigentes seriam capazes de pagar (inclusive com ouro negro) a assessoria necessária para a captação da popularidade de um governante como Lula da Silva que, mesmo sem nunca ter visto absolutamente nada do que acontecia nos diferentes níveis do seu governo, (nítida e descarada malversação do dinheiro público durante anos a fio) está sendo capaz de garantir o poder, além dos 12 anos do próprio governo (dois períodos consecutivos) e mais quatro anos de D. Dilma Rousseff, pelo menos (se tudo der certo) por mais oito anos, um total de vinte anos do PT no poder, objetivo este preconizado (a boca pequena) pelo Deputado e Chefe da Casa Civil do primeiro mandato do governo Lula, José Dirceu de Oliveira e Silva (eminencia parda do PT), hoje condenado a dez anos e dez meses de prisão pelo Supremo Tribunal de Justiça da Nação pela sua participação na qualidade de “mentor” do escândalo do “mensalão”.
Parece inacreditável que o povo mexicano ainda não tenha descoberto o caminho da riqueza, mesmo tendo nascido no seu seio, o homem mais rico do planeta na atualidade. Ou será que o modelo político e economico mexicano apenas é capaz de enriquecer uma centena de famílias (curiosamente ligadas ao poder)?
Não sei se o popular ex-presidente do Brasil, o companheiro Lula, conhece o próspero Carlos Slim, mas a primeira vista, com alguns conselhos deste magnata, o nosso Guia, poderia ter evitado, desde a difamação do próprio filho, por enriquecimento ilícito,  até o escandalo financeiro que argumenta não ter percebido ao longo dos seus oito anos de mandato.
Ou quem sabe, como diria Eremildo (o idiota criado pelo próprio Elio Gaspari como sátira para os que se utilizam  indevidamente do dinheiro público): deve tratar-se de pura maledicência popular.

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Arquivado em A Prosa (A)fiada

MARILIA MARZULLO PÊRA

Dona Marilia Pera Aproveito a minha firme intenção de prestar homenagem (a cada mês e sempre que possível) para resgatar uma dívida moral que se arrasta há muitos anos. Nunca soube ao certo o verdadeiro motivo, mas cheguei a conclusão (quase que evidente) de que se tratava de puro preconceito. Uma dívida preconceituosa que me impediu, por anos, perceber a intensa luz de uma estrela do meio artístico nacional, amplamente conhecida, de nome MARILIA MARZULLO PÊRA.
Marilia canta, Marilia dança, Marilia atua, Marilia produz, é coreógrafa e dirige peças e espetáculos musicais. Pisou no palco pela primeira vez aos quatro anos de idade e nunca mais parou, pelo contrário, extremamente versátil, consegue acrescentar a cada dia, mais uma modalidade capaz de enriquecer a sua personalidade. È perfeccionista e por se fosse pouco, Marilia também escreve (muito melhor do que poderíamos imaginar), além de ser mãe de três filhos.
Hoje, lamento (profundamente) ter perdido muitos grandes momentos que esta estrela brindou para seu público ao longo dos anos. Sua imagem defendendo a candidatura do “exterminador de marajás” nas eleições presidenciais de 1989 ofuscou minha visão da sua arte. Felizmente tive a recente oportunidade de assistir algumas das suas entrevistas concedidas à mídia televisiva e fiquei comovido por dois motivos que saltaram aos meus olhos preconceituosos, sua humildade perante a vida e sua consciente colocação de eterna aprendiz perante a arte.
Não privo da sua amizade, nem sequer sou seu conhecido (o que também lamento), a encontrei apenas uma vez nos (des)caminhos da vida e fui incapaz de falar com ela, nem que fosse apenas para pedir um autógrafo; me limitei a observar a sua figura em perfeito equilíbrio (como só as dançarinas disciplinadas costumam adotar) e o consequente porte de alguém que se sabe famosa, mas sem ousar qualquer gesto de prepotência, nem sequer o nariz empinado que costuma caracterizar aquelas estrelas (fugazes) de efêmera luminosidade. Ela, pelo contrário, brilhava como sempre o fez, apenas meu olhos eram incapazes de acabar com a sinistra figura do Collor apagando o fulgor próprio da Diva.
Revendo alguns dos seus melhores momentos na dramaturgia nacional, me deparei com a magnífica e inesquecível Maria Monforte (personagem central dos MAIAS, do escritor português Eça de Queiroz, adaptado à televisão brasileira em minissérie escrita por Maria Adelaide Amaral e João Emanuel Carneiro em 2001) o que me fez rever todos os meus conceitos a respeito desta insuperável atriz.
Já velha, sifilítica, arrependida de toda uma vida de dissipação, volta à quinta do “Ramalhete” para se despedir do filho……..Poucas vezes tive a oportunidade de ver atuações tão relevantes quanto esta, quem sabe D. Fernanda Montenegro, ou a D. Abigail Izquierdo Ferreira, nossa prezada Bibi Ferreira, fossem também capazes de semelhante presença. Em nível Internacional, provavelmente, apenas Liv Ullmann.
Mas falando desta notável atriz, japonesa de nascimento e norueguesa por opção, não deve ter sido por acaso que a Marilia foi convidada em 1980, para prefaciar o livro “Liv Ullmann sem Falsidades” de David E. Outerbridge (Editorial Nórdica Ltda. Rio de Janeiro / 93 págs.).
Na ocasião, a Marilia nos confidencia ter recebido um bilhete da D. Tonia Carrero que, do alto da sua experiência e maturidade nas lides do teatro brasileiro, escreveu para ela: “Uma estrela é uma estrela. È uma estrela”. È verdade! Mas também é verdade que “uma atriz é uma atriz. É uma atriz. É uma atriz! É uma atriz!”.
Nada mais significativo para alguém que já na maturidade, mostrava ainda uma potencialidade ilimitada (como o próprio tempo se encarregaria de demonstrar).
E também, não foi por acaso que nas páginas deste livro, D. Liv, nos descreve (sem conhecer) a magnificência da Maria Monforte e a plenitude da Marilia quando nos diz:
“Se você entrar no palco com raiva, ou com uma dor particular e pensas que poderás utiliza-las para extrair a tristeza necessária para facilitar o teu choro em cena; tuas lágrimas não vão tocar ninguém, porque elas são as tuas lágrimas e não as lágrimas da personagem”.
Marilia (Maria) Callas, Marilia (Carmen) Miranda, Marilia (Dalva) de Oliveira, Marilia (Coco) Chanel, Marilia (Sarah) Kubitschek, Marilia (divina) Pêra, são apenas uma, são apenas Marilia Pêra, a que ousou prestigiar a candidatura do “exterminador de marajás” de triste memória para o Brasil e que me fez viver tantos anos no obscurantismo e no preconceito.
Minha mais sincera homenagem a esta SENHORA do teatro e do mundo dos espetáculos.
Que o seu profissionalismo, como a própria vida, lhe permitam perpetuar, (valha o necessário pleonasmo) para sempre, a sua arte.
HB

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DESPAUTÉRIO

Tio Sam Confesso nunca ter imaginado que com o tempo iria gostar de poesia do jeito que agora adoro.
Confesso, numa sentida catarse, verdadeira epifania, ter aceito (tentando pegar a zenoura mais obvia e antiga do mundo) frequentar um sarau de poesia num sábado à tarde, e ainda admitir, aparentemente convencido, o prazer incomensurável de ter participado do evento).
Pior ainda, procurar a poesia como meio de expressão e arriscar (sem pudor e sem vergonha) alguns versos com os quais me identifico, como o tal do DESPAUTÉRIO de junho de 2011:

Vivo no mundo do despautério,
despropositado,tolo,disparatado.
Nonsense e inconveniente,
cansativo e apertado.

Não mais a lua ajuda, nem o perfume das flores contribui,
o canto ficou triste, a poesia rimada, o sonho distante.
O futuro é limitado, o presente mais que enjoado,
teu sorriso cala e a esperança morre.

Vivo no mundo do despautério,
aquele que nos legaram.
O mundo que não queremos,
o mesmo que desprezamos.

Vivo no mundo do despautério,
aquele que perpetuamos.
Definho sem perceber,
que fomos nós que estragamos.
HB

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Arquivado em Poesia (Los Versos del Alma)