Arquivo do mês: dezembro 2012

BONECAS E FUZÍS II

Coelhinho da PáscoaSe bobear a Joana não nasce. Na época ainda sem saber os verdadeiros motivos, que só descobri mais de vinte anos depois, fui insistente e chato com minha mulher, mas estava convencido de que queria criar pelo menos dois filhos e se possível dez. Sempre achei que criar apenas um filho era ruim inclusive para a própria criança e só não deu para levar enfrente a minha vontade de ter uma família enorme por falta de convicção e talvez de dinheiro, além de nunca ter contado neste sentido, com a colaboração da minha cara metade.
Eu queria que seu nome fosse Dorotea, mas fui derrotado em todas as instancias, inclusive a própria Joana quando soube, achou o nome ridículo e cafona. Dorotea na verdade, era minha forma de protestar, eu tinha tido uma namorada alemã com este nome, além de ser o nome de batismo do herói mexicano Pancho Villa (Doroteo Arango).
Achava todos os nomes de menina uma mesmice que variava de Patricinha até os nomes, digamos, mais autóctones, como Rose (com todos os seus derivativos, como Roselena Rosilene, Rosicleide, Rosilda, Roseland e outros menos cotados) Milenes, Emilinhas e Emilenes, Janainas, Jaciras, Jandiras e Joelmas, Nilzas, Neuzas e Neumas, sem falar nas sofisticações emergentes como Jacqueline, Kateline, Estefany, Vanessa, Pámela, Suelen e outros que continuam a variar em função das figuras de destaque internacional ou então a partir dos novos enlatados televisivos. Merecem destaque pela sua utilização cada vez mais difundida, àqueles bem “chics”, de influencia francesa todos terminados em “e”, como Michele, Gabriele, Manuele, Daniele e até Tatiane, ou então o mais recente coqueluche dos fãs da realeza, o misto anglo-francés considerado a última moda entre as mães jovens para ser colocado nos seus pimpolhos: “DAIANE”. Evito mencionar nesta confissão, assumidamente preconceituosa, por acha-los impraticáveis para minha filha, os nomes populares que ainda tomam conta da noite nas principais metrópoles do País, tais como Sheila, Shelda, Shirley, Odete, Odara, Nina, Rita Cadillaque ou Vilma Star.
Em determinado momento cheguei a ficar preocupado porque parecia que a humanidade tinha se esquecido dos nomes simples, daqueles que tem equivalência em todas as línguas, como Mario e Maria, Pedro e Petra, João e Joana, e inclusive dos nomes bíblicos tradicionais como Sara, Susana, Esther ou Martha.
A mãe acabou vencendo e achei melhor que o privilégio de indicar o nome dos filhos fosse dela, já que quatro anos antes ela já tinha escolhido o nome do Bruno.
Conheci Joana há exatos 23 anos (em 06/01/80) já enrolada na tal camisa de força que botam nas crianças para não furar os próprios olhos, na terceira fila do berçário da Casa de Saúde São José. Finalmente tinha dois filhos e ambos eram cariocas, Bruno de Botafogo e Joana do Humaitá.
Extremamente bochechuda, muito cabelo (liso, preto e espetado como todo filho de mexicano ou de oriental) e no momento quase roxa porque tentava espernear sem consegui-lo. A identifiquei de imediato e pensando alto disse, nossa, mas que menina feia, ao tempo em que sem graça acenava, agradecendo a enfermeira que tinha ido junto comigo para me ajudar a identificar a menina. É claro que mesmo que tivesse cem “baixinhos” (em espanhol são “enanos” mesmo) a teria identificado sem hesitar. Todavia, neste exercício de pensamento em voz alta não percebi que tinha companhia, uma senhora mais feia que a minha filha e claro bem mais velha do que nós dois juntos, ao escutar minha decepção feita verbo, soltou a seguinte gracinha que nunca mais esqueci: “É a sua cara moço” e sorria para dentro sem parar como espiã chinesa após ter conseguido a informação que desejava. Nunca mais a vi, mas desejaria que soubesse que minha filha tornou-se uma mulher tão linda que gostaria mesmo de poder ter a sua cara.
O Bruno efetivamente nunca gostou de fuzis, mas a Joana em recente conversa, me convenceu de que teve sua fase de “barbies” e companhia Ltda. envolvendo-se efetiva e afetivamente com as baixinhas de trapo e de vinil. Na verdade eu a situava mais entorno dos bichinhos de pelúcia, porém em qualquer hipótese, se o Bruno nada tinha a ver com o Juan do poeta mexicano, a Joana então, nem de longe lembra àquela “Margot que canta em madre transformada, y arrulla a su hijo que jamás se queja, ni tiene que llorar desengañada, ni el hijo crece, ni se vuelve vieja”.
Espírito jovem ao contrario do irmão, quer passar por todas as experiências, não se liga em coisa alguma e ao mesmo tempo está em todas e curte a sua beleza e a sua juventude como se fosse acabar a qualquer momento. Nenhuma destas constatações é bom que se diga, resulta em detrimento da sua inteligência da sua responsabilidade e do seu gosto pelo trabalho e pelos desafios.
A linda mulher que tenho como filha é a própria menina “pó de arroz” e não apenas por ser torcedora do “fluminense”, mas por adorar festas, reuniões, espetáculos em geral e um “social” digno de fazer inveja ao mesmo Ibrahim Sued.
Cheia de energia, verdadeiramente incansável, tem mais amigos do que qualquer candidato a vereador precisa para se eleger. Faz o gênero “rato de academia de ginástica” e me enlouquece conscientemente ao iniciar seu périplo citadino após a meia noite, quando o irmão já recolhido aos seus aposentos, se encontra no quinto sono.
Determinada até a teimosia sempre fez o que quis, independentemente de conselhos, sugestões ou mesmo proibições. Consegue o que quer e vence sempre pelo cansaço; lágrimas? só quando absolutamente necessárias. Assim foi com as festinhas de sábado a noite, com a primeira tintura de cabelo, com a primeira viajem, com o primeiro “piercing”, com a primeira tatuagem e até com a primeira cirurgia plástica (eu tentei ser contra tudo, inútil e sistematicamente). Ainda acho que terminou com um dos seus primeiros namorados porque mesmo sendo um verdadeiro “gatão” a futura sogra não permitia que passassem o fim de semana em Búzios. Posso estar enganado, de repente apenas não preenchia as expectativas.
Nesta ocasião me proponho a relatar um fato acontecido há alguns anos, que mostra claramente sua personalidade e principalmente suas truculentas estratégias de ação:
Fim de século, talvez 1997 ou 98. Talvez antes, só não quero admitir uma data mais precoce pela posição ridícula em que me colocou.
Verdadeiro pai de primeira viagem, mais idiota do que ingênuo, cheio de filosofias e de diálogos que com ela nunca deram certo, acabei passando minha primeira noite sem dormir por sua causa, perante a “natural” e “lógica” visão que minha querida e aborrecente filha, tinha da vida.
Hoje em dia, por razões que ainda não consigo compreender as crianças iniciam a vida noturna quando os jovens da minha geração já estavam voltando para casa. A minha primeira namorada tinha permissão para voltar ao lar até uma hora da manhã. Já eu, macho e com 14 anos bem vividos só poderia voltar até meia noite, como verdadeiro cinderelo de ocasião pelo medo paterno de me tornar abóbora.
O fato é que por razões esquecidas na voragem do tempo, acho que a mãe tinha viajado com o irmão para Buenos Aires e ela, aproveitando para singrar os mares nunca dantes navegados (apenas sendo mal e porcamente vigiada pelo idiota do pai) se dispunha, sem ninguém saber, a aproveitar como nunca seu primeiro sábado, digamos livre.
Era fim de ano, comemorava talvez uma das tantas formaturas e colações de grau que neste país acontecem desde o “CA”, famoso Curso de Alfabetização a que as crianças são obrigadas para poder ingressar no Curso Primário. Vestido comprado ex-professo, penteado de cabeleireiro ou melhor dizendo “coiffeur”, unhas pintadas adequadamente, salto ligeiramente alto e maquiagem de máscara ritual (aparentemente discreta) costumam ser as armas destas tribos de patricinhas para atacar a vida no seu cada vez mais precoce despertar.
Com a princesa lá de casa não poderia ser diferente. Naquele sábado livre, iniciou sua preparação desde cedo e já foi logo avisando que sería uma noite especial, comemorativa (junto com a turma que a gente nunca chega a conhecer e quando conhece, torna-se difícil reconhecer porque são todas iguais, inclusive no cumprimento e na cor do cabelo) e ainda por cima fazia questão de que fosse inesquecível.
Primeiro tentei me aliar ao inimigo (se não fores capaz de vencer negocia, dizia para os meus botões) eu vou contigo filha, nada mais satisfatório para um pai do que ver a filha se formar. No inicio não respondia, depois falou de um tal de mico que só alguns anos mais tarde descobri não ser apenas um bicho.
Eu falava sem parar (o que é a minha condição normal quando protesto), mas como sempre ela não me ouvia, como nunca antes me ouviu e como constatei com o passar dos anos, continuaria a não me ouvir sécula seculorum. Tratava de argumentar que a mãe não estava presente e algumas outras bobagens na pretensão de que não chegasse tarde de mais, mas como sempre tudo em vão.
Eu me questionava sobre a verdadeira autoridade paterna que deveria exercer, em momentos pensava em tranca-la dentro de casa mas de imediato me dizia, mas que classe de pai você é? Não confia na própria filha? Será que você já esqueceu seus (recentes) anos de juventude?
Os preparativos demoraram tanto que eu cheguei a pensar que ela tinha se esquecido da bendita festa comemorativa. Falsa ilusão, como verdadeira Cinderela às avessas, mal terminaram de tocar as doze chamadas do carrilhão imaginário do meu coração (meia noite em ponto) quando a porta do quarto se abriu, aparecendo a mais linda das princesas (de verdade) que eu já tinha visto, capaz inclusive de fazer com que o vulgar lacaio a sua frente (eu, o pai) se rendesse aos seus mais mínimos e reais desejos.
A briga mudou de tom. O lacaio não mais tentava impor, nem mesmo negociar, apenas sugeria, dava sutis conselhos a respeito dos cuidados para com os fantasmas da noite na floresta. Suplicava e sussurrava. Dava leves toques que variavam desde os cuidados para com o vestido de sonho que ela vestia com orgulho e singularidade até a forma de manter o telefone celular ao alcance da mão para qualquer eventualidade.
Despedimos-nos ternamente na porta de casa, a eternidade ritual do elevador subindo até o décimo andar para mim se transformou em escassos segundos, apenas suficientes para dizer: divirta-se muito minha princesinha, minha flor de zempasuchitl, se a festa estiver muito chata me ligue que irei correndo apanha-la no meu sempre disposto corcel (ou foi carro que eu falei, não me lembro). Com o elevador descendo, provavelmente já na altura do sexto andar, ainda tentei gritar que me liga-se pelo menos de hora em hora, mas acho que já era tarde de mais, como sempre, desta vez também não ouviou meu apelo.
Decidi dar uma de pai-herói e como se nada tivesse acontecido (mas com o coração em frangalhos) comecei uma leitura com a maior concentração de que era capaz. Tentei a TV., o som maravilhoso da ópera Don Giovanni que sempre teve o poder de me acalmar, minha coleção de selos, a meditação transcendental e até um chá de boldo ou de camomila (não me lembro mais) tudo em vão. Obviamente nada resolvia. Eram apenas 12h45min. e o telefone só tocaria lá pelas três da matina. Acho que roer unhas foi a única atividade que com certeza não me acalmou, mas que efetivamente me ajudou a passar incólume pela eternidade do desespero.
Nestas circunstancias, o telefone tocando às três horas da manhã chega a ser um verdadeiro bálsamo, um lenitivo que efetivamente nos traz de volta a este planeta quase sem sentir.
Era ela, minha filha, minha flor de zempasuchitl, a verdadeira princesa (que eu já imaginei em perigo). Rocinante que me aguarde porque pronto estava para salvar a donzela fosse qual fosse a encrenca em que estivesse metida.
Mal conseguia compreender seu pedido de socorro, porque a música de fundo na verdade era música de frente, só dava Heavy Metal ou coisa parecida. Sua voz parecia se perder no infinito e tive que fazer um enorme esforço para compreender que não se tratava de um pedido de ajuda, mas de um aviso (frio e insensível) de que a tal festa comemorativa, em vez de tornar-se chata, estava pegando fogo e que na verdade lhe sería impossível abandona-la naquele momento.
Consegui protestar, gritei e até xinguei pela incompreensão da princesa para com seu velho pai, mas acho que já tinha desligado dois ou três minutos antes.
A agonia se eternizava, ligações cada vez mais distantes e espaçadas me enlouqueciam. Nunca conseguia dizer o que se passava pela minha mente e muito menos pelo meu coração, apenas era obrigado a escutar a fala entrecortada e longínqua que entre risos tentava me acalmar dizendo que estava tudo bem e que daí a pouco estaria voltando para casa. Das cinco até às sete horas da manhã cessaram as noticias e tive a nítida sensação de que estava tudo perdido, nem com meu fiel escudeiro Sancho sería capaz de resolver o problema caso a Dulcineia estivesse precisando de mim.
O sol abrasador do verão carioca as sete da matina já anunciava mais um dia abafado e cansativo. Todavia, era domingo, daria para descansar um pouco se a princesa já estivesse chegando em casa.
Mais uma vez o infernal celular (que não sei por que insistiu em permaneceu a noite toda fora da área ou desligado como informava a então Telerj) tocou numa derradeira vez, porque como a princesinha me contou rapidamente estaria acabando a bateria, e ela só, cumprindo o seu dever de filha consciente da preocupação irracional dos pais, me avisava que a turma, após uma visitinha a Yemanjá nas águas do posto nove (Ipanema) estaria rumando para um hotel da Av. Vieira Souto a fim (porque ninguém é de ferro) de desfrutar de um opíparo café da manhã.
Fez seu aparecimento triunfal no nosso lar quase às nove da manhã.
O Pai dela com cara de legítima indignação abriu a porta e de supetão lhe disse: espero que você tenha consciência do que fez, passei a noite toda acordado te esperando e você me aparece às nove horas da manhã?
Claro que não tinha consciência nenhuma e ainda respondeu perplexa pela incompreensão e insensibilidade do pai: “dá um tempo daddy estou morta de cansaço, disse, você não sacou que passei a noite toda dançando?” completou. E mais não disse por que rumou de imediato para seu quarto e sem sequer tirar a maquiagem, (acho que nem sequer escovou os dentes como teria sido o desejo e a recomendação da mãe) dormiu a perna solta o domingo todo, estragando também (sem nenhuma intenção, é claro) a programação dominical do seu velho pai, que à época contava já com mais de cinqüenta anos e que provavelmente teria gostado de leva-la ao zoológico, ou quem sabe a algum teatro com programação infantil.
Desde então me esforço na tentativa de rever os meus conceitos, mas com certeza a lição serviu para conhecer o famoso abismo que continua a separar as gerações cada vez mais.
A última tatuagem e o último “piercing” já não me incomodaram tanto, acho que nem protestei, mas continuo com saudades daquele seu namorado “gatão” cuja santa mãe não o deixava viajar com a princesinha, com minha flor de zempasuchitl para Búzios (e o que é mais surpreendente, conseguia).

06 de janeiro de 2003

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BONECAS E FUZIS I

Com as crônicas denominadas “Bonecas e Fuzís”, escritas há dez anos e dedicadas aos meus filhos Bruno e Joana, encerro o presente ano de 2012, em que finalmente conseguí reunir alguns dos meus escritos neste HBlog denominado Crônicas Anacrônicas / de arquiteto, poeta e louco, todos temos um pouco.
Para os meus filhos não pode ser dedicada apenas uma crônica, um conto ou mesmo uma novela. Escreverei sempre que possível para que eles, e as novas gerações familiares, possam ter uma fonte de informação sobre os sentimentos, as ansiedades, as angustias e as expectativas por eles geradas no seu velho pai. Pretendo dizer-lhes o que as fotografias são incapazes de mostrar, o que não pode ser descoberto antes do momento certo, antes do amadurecimento que vence o abismo das gerações. Desejo que possam conhecer os fatos que nem sempre é possível comentar e que tenham o prazer da descoberta das coisas que temos em comum e que por vezes demoramos a vida toda para identificar (oportunidade esta que meus antepassados não me concederam).
O título adotado, que me veio de imediato à cabeça quando decidi escrever sobre (e para) meus filhos, é influencia direta do inspirado poeta romântico mexicano Juan de Dios Peza (1852-1910) quem dedicou seu melhor poema aos filhos Juan e Margot (Fusiles y Muñecas). Minha singela homenagem a quem descobri na infância, junto com Joseph Rudyard Kipling (Bombaim 1865-Londres1936) por influencia da minha mãe que, ligada ao romantismo do XIX por vocação, decorava junto comigo alguns dos poemas de ambos.
Pouco ficou na lembrança, mas tendo marcado a minha infância, foi o suficiente para me deliciar na madureza. Tanto no “SIM” do indo britânico, como no amor e o desconcerto para com o comportamento dos filhos no caso do poeta mexicano.
Não tendo nem a habilidade nem a inspiração de Peza, e muito menos a profundidade e a transcendência de Kipling, decidi individualizar e dividir os meus escritos.
Ao igual que Juan e Margot, Bruno e Joana, em que pese o amor que desde crianças manifestaram um pelo outro, apenas tem em comum serem irmãos, gerados pelos mesmos pais. “Angeles hermanos que embellecen mi hogar con sus cariños, se entretienen con juegos tan humanos, que parecen personas desde niños”. Guardadas as devidas proporções para com as crianças do fim do XIX, os meus não tem nada de anjos, os carinhos que embelezam nosso lar, conforme foram crescendo se tornaram cada vez mais parcos e não me lembro de nenhuma inclinação do Bruno por fuzis e muito menos (em que pese sua feminilidade) da Joana por bonecas.
Se nos tivéssemos proposto a ter filhos completamente diferentes um do outro, com certeza não teríamos conseguido com tanta perfeição. São sol e lua, dia e noite, preto e branco, furacão e calmaria, sem interferir no respeito mutuo e no amor e admiração que se professam entre si.
A prioridade na escrita (apenas cronológica, lógico) é do Bruno. Foi o primeiro, só precedido na vida pelo “KHAN”, nosso cachorro afegão perpetuado em fotos que não dizem do amor e da afeição que conquistou, ainda no México, do então jovem casal. O Bruno conviveu com ele quase oito anos e com certeza deve guardar lembranças claras (só não sei se boas ou ruins, nunca perguntei).
Bruno e Joana 2011Poderia escrever centenas de páginas sobre o meu filho Bruno, mas na intenção de fazê-lo sempre que possível, hoje escrevo apenas uma, destacando sua personalidade marcante, forte e incorruptível nos seus princípios e convicções, manifesta desde criança.
Espírito velho que veio até nós para nos ensinar o equilíbrio, a ponderação, o juízo, o bom senso e a prudência, ainda carrega alguns defeitos (caso contrario não teria reencarnado entre nós), mas que como pai não me parecem significativos. Para dizer a verdade, são absolutamente insignificantes comparados com os que carrego no meu carma acumulado.
Descobrimos desde cedo uma coisa em comum, não gostávamos de festas juninas. A única fotografia que denuncia sua transformação em dançarino caipira de quadrilha nos lembra de sua contrariedade quando a mãe decidiu pintar as costeletas e o bigode (teve que dizer para o menino que desta forma, isto é com bigode, estaria mais parecido com o pai). Não adiantou muito. Efetivamente conseguimos rir a vontade quando nos lembramos da nossa alergia a pamonha, a busca-pés e rojões em geral, a ponche, a canjica, a forró, a tômbola e principalmente a pessoas com dentes pintados de “podre”, vestidas de caipiras com tranças “Maria Chiquinha”, falando e se comportando como crianças retardadas do século XIX no interior das Minas Gerais.
Já no inicio da década de 80, ele pequeno, talvez com 5 ou 6 anos, me surpreendia com perguntas de caráter sócio-político: O Aureliano Chaves é honesto? perguntava com relação ao então Vice-Presidente da República (do malfadado presidente cavaleiro João Baptista Figueiredo).
Assim, os indícios da sua velhice espiritual foram aparecendo gradativamente, mas a certeza foi adquirida quando reparei que, do alto dos seus 18 anos, já ia para a faculdade de guarda-chuva. Certamente, a gente deixa de ser criança, quando se recusa a entrar nas poças d’água com sapatos novos. Com razão ou sem razão, sempre me perguntei sobre a infância do Bruno e até hoje, acho que a esgotou na sua última encarnação. Deita cedo (inclusive para poder ler mais) e qualquer alteração de rotina, surpresas ou programas não definidos com antecedência o deixam de péssimo humor.
Nesta página, relembro um episódio também ocorrido no inicio dos anos oitenta e que a meu ver deixa absolutamente claras algumas das características que marcam até hoje, seu enfoque sobre a vida de jovem-velho-pragmático-observador-crítico-, de juízos certeiros e principalmente, sem concessões (tolerância zero) para perdas de tempo com frivolidades ou com coisas intranscendentes.
Verão carioca. Sem muitas definições ou descrições exaustivas. Só quem já viveu nesta cidade conhece o mormaço, o abafamento da panela de pressão formada pela proximidade da serra do mar com a extensa lamina d’água formada pela Baia da Guanabara. Isto é, o verão carioca. No tenho noticia do fenômeno em outros lugares do mundo, mas já vi africanos se queixarem do uso indiscriminado da expressão carioca “calor senegalês”, dizendo que o Senegal tem um clima muito mais ameno.
Domingo, morando em apartamento com vista para o Corcovado (qualquer carioca sabe das dificuldades de se ter a vista do Cristo). É o poente mais selvagem de que se tem noticia, com sol entrando pela casa inteira até sete ou oito horas da noite, hora em que os maciços de pedra liberam o calor acumulado durante o dia, devolvendo-o em direção ao mar e o vento e a brisa, numa cumplicidade inexplicável, mudam para longe (imagino que com medo dos ensaios das escolas de samba para o próximo carnaval).
Consciência intranqüila por explorar (inconscientemente) a tendência natural do Bruno de ficar brincando em casa (nunca gostou muito de praia, fazendo jus em tenra idade, à sentença do Jaguar, o ipanemense do popular Pasquim, que dizia que intelectual não vai a praia, apenas bebe chopp) li no jornal a noticia do evento dominical em destaque: Corrida de lanchas “Off Shore”, hoje no Arpoador, dizia o JB.
Tal vez fosse um evento interessante para uma criança como Bruno. Não precisaríamos ficar na areia, as rochas do arpoador seriam um excelente ponto de observação e ainda pegaríamos um solzinho e talvez beberíamos uma água de coco ou comeríamos um picolé (legítimo Dragão Chinês, made in Nova Iguaçu). Sem muito convencimento, mas (soube depois) para não decepcionar o pai na sua tentativa de agradar, aceitou o convite e lá vamos nós acompanhados de um caminhão de recomendações da mãe que variavam desde não expor o menino ao sol por muito tempo, até não lhe dar porcarias nem guloseimas no meio da rua (ambas inócuas porque ao menino-velho jamais lhe ocorreria comer fora do horário das refeições mesmo tentado, e jamais foi fã do astro rei).
Acho que ainda não existia o parque “Garota de Ipanema”, mas o arpoador já atraia grande quantidade de pessoas. Escalar as rochas não exigia muita habilidade, o difícil era driblar as tribos ali reunidas (não necessariamente para ver a corrida).
Com alguma dificuldade conseguimos um lugar ao sol. Um pouco alto para meu gosto, mas capaz de garantir a excelente vista até o morro dois irmãos. 180 graus de magnífica vista do mar aberto de Ipanema e Leblon.
Comecei a ficar preocupado quando tive consciência da realidade da corrida. As fabulosas lanchas “voadeiras” (tal vez meia dúzia no máximo) corriam em elipses virtuais definidas por duas bóias flutuantes e pareciam à distancia, pequenos veleiros da classe “pingüim”(sem que fosse possível identificar o primeiro ou o último lugares) e seus potentes motores de popa faziam um barulho pouco maior do que o emitido por um vespão, tipo marimbondo, rondando as nossas cabeças.
Eu não olhava para o Bruno com medo de sentir seu ar de reprovação.
Ele, avaliando o panorama antes de se pronunciar, como sempre foi do seu feitio, demorou alguns minutos para (cheio de sarcasmo e de razão) me dizer: “Ta legal pai, por qual delas vamos torcer”.
Voltamos para casa sem dizer nada. Eu nunca comentei o assunto, mas é por estas e outras que eu te amo cada vez mais, meu filho, meu mestre.

17 / setembro / 2002

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EU NÃO ACREDITO NOS MAIAS

Os MaiasMuito bem, já é 25 de dezembro e o mundo não acabou.
Pelo contrário, estamos festejando mais um natalício do Mestre dos Mestres com os mesmos hábitos (bons e ruins), com o mesmo ideal de renovação para o ano novo e com a mesma falta de convicção para enfrentar uma nova dieta a partir da próxima segunda feira.
Por conta de uma expectativa frustrada abraçada pelos crentes mais aflitos, parece que os Maias caíram de vez no descrédito absoluto, que nem os Maias que ilustram este comentário e que acabaram representando um dos maiores engodos políticos de que se tem notícia embaixo da linha do equador.
Fugindo um pouco desta alegoria, volto à grafia espanhola do gentílico “Mayas” para tentar explicar o motivo da frustração das fanáticas hordas que acreditaram em tudo, especialmente nos boatos apocalípticos gerados pelo fim de um calendário que, embora considerado perfeito, efetivamente acabou.
A verdade é que os Mayas (que eu saiba) nunca, em tempo algum, disseram (ou predisseram) o fim do mundo. Não tenho procuração de nenhum dos seus descendentes diretos para defendê-los e nem sequer me proponho a realizar esta curiosa empreitada apenas por ser mexicano. O faço por dever (moral) de ofício, baseado no orgulho que tenho desta civilização, transcendental para a evolução da humanidade.
Tentando evitar considerações apenas de cunho pessoal (mesmo porque não tenho o preparo necessário para discorrer sobre o tema), recorro ao cientista Don Yeomans, integrante da equipe do Laboratório de Propulsão de Jatos da NASA (Agência Espacial Norte-americana) que em função da mobilização extraordinária, em nível mundial, gerada pelo fim do calendário Maya, decidiu esclarecer para nós a realidade dos fatos.
A primeira constatação, geradora desta onda de boatos, surge pelo fato concreto de que em 21 de dezembro de 2012 o fabuloso calendário maya teria terminado neste dia.
Segundo o cientista da NASA, a única constatação deixada pelos Mayas no seu calendário, é o fim de um “Ciclo” e o início de outro, sem nenhuma conotação apocalíptica. Ele campara este fato à marcação de outros “ciclos” como costumamos fazer hoje em dia, por exemplo, concluindo um “ciclo” em 31 de dezembro e iniciando outro em 01 de janeiro, a cada ano.
Numa segunda hipótese, também apocalíptica, Don Yeomans lembra sobre as teorias à respeito do planeta NIBIRU, ou planeta “X”, que estaria em rota de colisão com a Terra. Para Yeomans é impossível que até hoje ninguém tenha detectado o NIBIRU se aproximando, se realmente isto estiver acontecendo. Inclusive, tem gente acreditando que a NASA está escondendo informações a respeito, mas existem milhares de astrônomos que não fazem parte da Agência em constante observação celeste. Com certeza, nos diz, alguém já teria notado esta aproximação.
Outras hipóteses, de tempos em tempos também são levantadas, inclusive a explosão solar prevista para fim de 2012 e inicio de 2013. Todavia, esclarece o cientista, esta nova “Máxima Solar” deverá acontecer apenas em maio de 2013 e mesmo assim, não deverá ser tão intensa quanto se esperava.
Finalmente, para quem acredita que o apocalipse será causado pelo “Alinhamento dos Planetas” o que geraria uma mudança catastrófica nas marés, Don é enfático ao dizer: Não há nenhum alinhamento previsto para o fim de 2012 e mesmo que houvesse uma movimentação do gênero, outros planetas não poderiam afetar as marés; os únicos corpos celestes capazes de fazer isto são, como sempre nos foi ensinado nas aulas de geografia do curso básico, o Sol e a Lua.
Existe também o boato de que, de alguma forma, os “Polos Magnéticos” da Terra irão se inverter. Isso simplesmente não pode ocorrer por causa da Lua – nosso satélite, que estabiliza a rotação do planeta e não permite que ela mude de uma hora para a outra. Os polos podem, sim, mudar, mas fazem isso aos poucos, demorando milhares de anos para que a possível inversão se complete.
Concluindo, Don Yeomans nos diz: “Ainda estamos aqui” e certamente nada temos a acrescentar, a não ser concordar em gênero, numero e grau, ou como diz o eswcritor mexicano Carlos Fuentes, recem falecido: “Aqui nos tocó, que le vamos a hacer” (ver esclarecimento sobre esta expressão na página 44 do nosso livro “A Versão dos Vencidos: Uma ótica sobre a História do México”, Editora Folio Digital: Letra e Imagem, Rio de Janeiro, 2012) .
Feliz ano Novo para todos.
PS.: O jornal mexicano “El Universal”, divulgou em 19/12/2012, declaração da própria NASA sobre o fim do mundo, dizendo que, a partir das observações feitas com o telescópio Hubble, o fim do mundo ocorrerá de fato, caso se consolide a hipótese de choque entre a Vía Láctea com alguma galaxia vizinha, acabando de fato com qualquer manifestação de vida no planeta Terra, porém não em 21 de dezembro de 2012, como mal interpretado a partir do fim do Calendário Maya, mas em aproximadamente quatro mil milhões de anos.
Fim do Calendário Maya

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UM ELOGIO PARA O FUNCIONALISMO PÚBLICO

Lula com pessoa não identificadaApreendi com a idade e um pouco de esforço a não me esquentar com as dificuldades do viver, até para poder ter um pouco de paz no coração. Não mais quero matar um leão por dia, nem quero consertar o mundo que me foi legado. Esforço-me para superar os preconceitos culturais que me foram transmitidos desde criança, desde “homem não chora” até o comum pensamento que grassa na nossa sociedade, relativo à suposta inatividade do funcionalismo público. Sempre soube que as grandes empresas públicas ou de economia mista são verdadeiras mães, sugando a participação acionária da sociedade para manter a competitividade, pagando salários mais do que competitivos aos seus funcionários, férias, décimos terceiros salários e décimos quartos salários e décimos quintos salários e ajudas de custo e aposentadorias especiais e adicionais por periculosidade e por aí afora, a ponto de fazer com que os nossos jovens se preparassem com verdadeiro afinco, não para a vida a ser enfrentada, mas para enfrentar a plêiade de concursos públicos de forma a garantir o emprego dos sonhos familiares.
Algum filósofo que me escapa à memória teria dito há muito, “viver fora do erário nacional é um verdadeiro erro”. Estes conceitos estão tão arraigados no subconsciente da população que recentemente, em entrevista coletiva, o novo treinador da seleção brasileira de futebol, visando a copa de 2016, o Paizão da família Scolari, Felipão, disse naturalmente que, quem quiser moleza, em vez de trabalhar na seleção deveria ir pro Banco do Brasil.
Nada mais injusto Luiz Felipe, digo eu, me somando aos protestos generalizados por tamanha e esdrúxula afirmativa. Tem funcionários públicos que dão um duro desgraçado, até para compensar a inatividade dos 300 picaretas que o “nosso guia”, o popular ex-presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva, identificou na sua passagem pela câmara baixa durante sua experiência como deputado federal (mas deve ter esquecido, porque nunca mais falou sobre isso, especialmente depois de se aliar na política nacional à Rainha do Maranhão e ao último Imperador. Aliás, bota esquecido nisso, mas deve ser por causa da idade).
Mas voltando ao nosso tema central, qual seja o de elogiar alguns funcionários públicos, ciosos das suas responsabilidades na engrenagem burocrática que nos domina nesta maravilhosa e tropical cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, como batizada pelos portugueses, que com o tempo, ao conhecer o caráter dos naturais e o clima da nossa terra, acabaram tirando suas armaduras para poder suportar o tal do “viver” na linha do trópico de Capricórnio.
Desta feita meu elogio vai para os funcionários e a direção geral da Geo-Rio (Fundação Instituto Geotécnica, ligada à Prefeitura Municipal) que, em pleno “Campo de São Cristóvão” bem enfrente ao Centro Luis Gonzaga de Tradições Nordestinas, defendem a todo custo a tradição e os costumes cariocas, como fieis guardiões das nossas leis.
Diga-se de passagem, até lá fui obrigado a me deslocar, mesmo sendo deficiente físico e orgulhosamente pertencente à terceira idade, à procura de informação, posto que com a responsabilidade que os caracteriza, é negada pelo telefone, a quem quer que seja.
Não vale a pena me deter nas dificuldades encontradas para estacionar sob um sol escaldante de mais de 30 graus dezembrinos, mesmo que ainda primaveris e outros pequenos percalços encontrados para atingir o meu objetivo, afinal tinha chegado à Meca da informação, após ter peregrinado por outras dependências públicas, onde invariavelmente, encontrei a mesma gentileza, presteza e dinamismo a que estamos acostumados como contribuintes.
Mas desta vez foi diferente e é este o motivo do elogio.
A recepcionista da Fundação, com o sorriso que caracteriza a satisfação do dever cumprido e antes mesmo de que pudesse solicitar o encaminhamento correspondente à minha consulta, me disse, sem parar de sorrir: “O senhor não pode entrar”.
Perplexo, imaginei que sua franqueza estaria dirigida para algum desavisado que estava atrás de mim, mas quando verifiquei que estava falando comigo, tentei adivinhar o motivo que poderia levar uma instituição pública a barrar o acesso a um idoso e deficiente físico que apenas queria realizar uma consulta.
Não atinei.
Perante a minha cara de perplexidade e sem sarcasmo nenhum, ela completou: “O senhor está de bermudas” (o problema é que não consigo explicar o motivo do seu sorriso que teimava em permanecer).
Não falei nada, tal o estado de estupefação em que me encontrava.
Mas não tem problema, não, continuou a minha interlocutora ainda sorrindo, eu tenho uma calça que emprestamos a todos os que não conhecem a lei, concluiu.
Com raiva por achar esta lei mais do que cretina, mas orgulhoso porque finalmente uma funcionária pública, certamente apoiada pela diretoria do Órgão, sempre sorridente e sem se utilizar de jeitinho algum, fazia com que a lei em vigor fosse respeitada.
A lei pode até estar errada, mas existindo tem que ser respeitada, pensei.
Se for inconveniente, ou mesmo cretina, mude-se a lei, raciocinei.

Dias depois, recorri ao meu advogado; era necessário verificar a existência desta lei tão desrespeitada.
Seria mais uma lei que não colou? Perguntava-me.
Minha perplexidade duplicou quando o advogado me disse que não existia a tal da lei que proibia o acesso de público às repartições municipais trajando bermudas. Esclareceu que eventualmente, alguns órgãos públicos regulamentam internamente estes procedimentos, até para “moralizar” a vestimenta dos frequentadores.
Mas não retiro o elogio, estes dignos representantes da burocracia carioca, estão convencidos de que trajar bermudas é um verdadeiro atentado ao pudor e de que sua repartição, à diferença de todas as outras, se esmera para moralizar as vestimentas dos frequentadores, além de tentar atingir a tão almejada perfeição burocrática.
Que Deus os abençoe
HB.
21/12/2012 (o dia do fim do mundo e inicio do verão carioca).

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VOCAÇÃO

Ainda ontem, em 22/04 de 2010, quando da descoberta tardia da minha VOCAÇÃO, mesmo com as limitações impostas pelo desconhecimento e a inexperiência, porém alavancado pelo prazer e a determinação de escrever em qualquer uma das suas modalidades e ainda por cima vencendo o poderoso inimigo fantasiado de vergonha e timidez, arrisquei alguns versos, que reproduzo a seguir:

Melancia SedentaFinalmente faço o que gosto na vida,
letras, vocação tardia.
Avidamente escrevo e leio o que me é possível,
ninguém se importa com isso.
Gozo infinito e reflito, não vivo apenas do siso,
mas vivo quase por isso.

Acordo com versos prontos,
durmo pensando nisso.
Vaidade não tem idade,
ontem ruim de caneta, hoje sonho e digito.
Não sabendo pesquiso,
me inspiro na própria vida.

Não tem mais rima é verdade,
importante mesmo é a idéia.
O que conta é o sentimento,
e a força com que se exprime.

Ainda que sem leitores não desisto,
versejo e conto dos meus amores, das minhas dores.
Leio nas entrelinhas, medito e me satisfaço,
converso até com as flores.

HB

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LA GUADALUPANA (*)

Não poderíamos deixar passar um 12 de dezembro sem render homenagem à Virgem Morena do Tepeyac. À Imperatriz da América. À Nossa Senhora de Guadalupe, materializada no morro do Tepeyac (Nicãn Mopohuã, na lingua Náhuatl), ao norte da cidade do México em dezembro de 1531. Esta materialização ocorreu específicamente para o indio “Juan Diego Cuauhtlatoatzin”  (canonizado pela Igreja Católica Apostólica e Romana em 31 de julho de 2002) a quem teria pedido a construção de um templo naquele lugar (o que foi feito posteriormente). A homenagem, em forma de poesia, utiliza (entremeada) a letra da popular e conhecida música com que os mexicanos comemoram os aniversários de parentes e amigos, intitulada “Las Mañanitas”. Acredita-se que esta música (de autor desconhecido) foi composta entorno de 1896, na cidade de Zacatecas (capital do estado do mesmo nome) declarada pela UNESCO, em 1993 “Patrimônio Histórico da Humanidade”.

guadalupe+copyMadre de Jesús, México te venera,
las mañanitas son tu oración.
Juan Diego somos nosotros,
estas son las mañanitas que cantaba el Rey David;

Morena te presentaste,
de bronce somos tus hijos.
Madre que nos amparas,
hoy por ser dia de tu santo, te las cantamos así;

No fue milagro, no fue visión,
sentimos tu presencia, materialización.
Tu protección es total, por eso te visitamos,
despierta mi bien despierta, mira que ya amaneció;

Flores nos regalaste, llenaste nuestro huipil,
felices las recibimos,
con música retribuimos.
Ya los pajarillos cantan, la luna ya se metió;

El pueblo ya lo anhelaba,
el fardo pesaba mucho,
el dolor exagerado.
Que linda está la mañana en que vengo a saludarte;

Queremos siempre tu amor,
nos encantó tu presencia, por eso te veneramos,
el Tepeyac fue testigo, un templo te construimos.
Venimos todos con gusto e placer a felicitarte;

México se vuelve luz,
contagia hasta sus vecinos,
camina en tu dirección, espera tu bendición.
El dia en que tu naciste nacieron todas las flores;

Extiende siempre tu manto,
cubre nuestras cabezas.
A ti siempre recurrimos, queremos amor y cariño.
Y en la pila del bautismo cantaron los ruiseñores;

Ya viene amaneciendo, ya la luz del día nos dio,
gracias a ti señora, que velas por los que sufren,
que mueren pensando en ti,
que mueren para vivir.

Levántate de mañana, mira que ya amaneció.
De ti esperamos la fuerza y por ende la humildad,
queremos ser perdonados por perdonar también.
Ampara noble Madona a los que quieren el bien.

De las estrellas del cielo tengo que marcarte dos,
una para saludarte y otra para decirte adiós.
Estamos agradecidos por comprender tu misión,
Dialogamos contigo pidiendo la salvación.

Pedimos la eternidad para convivir contigo,
Abrimos el corazón, para aprender a amar.
Volaron cuatro palomas, por toditas las ciudades,
Y por ser día de tu santo te deseamos felicidades.

Las américas se curvan queriendo tu bendición,
Virgen Morena, representas la piel de nuestra nación.
Con paz en mis oraciones, hoy te vengo a saludar,
y por ser día de tu santo, te venimos a cantar.
HB

(*) Versos del autor, entrelazados con la letra de la popular canción “Las Mañanitas”, aparentemente de autor desconocido. Se cree que fue composta alrededor de 1896 en la ciudad de Zacatecas (capital del estado del mismo nombre) declarada pela UNESCO, em 1993,  “Patrimonio Histórico de la Humanidad”.

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O FILME

Casa BlancaO filme continua a ser reprisado,
os atores são os mesmos.
Os papeis se alternam,
os diálogos se eternizam, e
o tesão, afoga-se em tequila.

A vontade persiste,
a fome ancestral, aperta.
O cheiro penetra,
o sexo clama.
Western de merda, drama.

Os fados são fodas,
o drama, comédia.
Paixão enloquecedora é piada,
gloriosa trepada, lembrança.
Crianças de novo, sem idade.

Não minto mais, apenas me engano.
o filme é reprisado ad aeternum,
o diretor vacila, os corpos murcham,
“as time goes by” ecoa ao longe, e
eu, sem perceber, me arrepio todo, de novo.
HB

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CALDERONISMO: CORRUPTO DO INÍCIO AO FIM (*)

Em 06 de dezembro pp., num artigo publicado pela “Jornada”, (um dos poucos diários mexicanos ainda não comprados pela máfia no poder e  caracterizado pela sua postura independente  e liberal), o jornalista Enrique Galván Ochoa nos delicia com seu comentario interpretativo, gerado pela constatação de que o expresidente mexicano Jesús Calderón Hinojosa (2006-2012) tería sido contratado como palestrante da “Harvard University”, nos EUA.
Su Majestad Felipe INas páginas 256 e 257 do nosso libro “A Versão dos Vencidos” (capítulo “O Fado e o Bolero”) manifestamos específicamente a nossa preocupação e desapontamento com a falta de um projeto de nação que pudesse efetivamente reverter a situação até hoje constatada no México e comentamos: O atual primeiro mandatario, Felipe Calderón, até parece ter o tal projeto de nação na sua gaveta e tudo faz supor que conta para sua implantação, com a cumplicidade dos vizinhos do norte. Fica difícil imaginar alguém que tenha declarado guerra ao narcotráfico, que não seja um herói, ou que no mínimo não tenha pronto um plano de fuga que contemple inclusive a sua familia. É absolutamente desequilibrado e suicida, ou pretende ficar no poder até sair vitorioso dessa guerra absolutamente irracional.

Será que Jorge W. Bush, num exercício de adivinhação, ou o democrata Barak Obama,  esperança de futuro dos EUA, prometeram a ele proteção absoluta para quando deixar o poder? Ao que parece a iniciativa privada americana facilitou a saida digna de mais esta figura deplorável encaixada no planejamento macabro das cabeças coroadas para se eternizarem no poder.
Caso a “Kennedy School” da Universidade de Harvard, efetivamente se proponha a aproveitar a experiencia de Felipe Calderón, nos diz Galván Ochoa, teriam que lhe dar a tarefa de organizar palestras sobre corrupção. Porém, não sobre como combate-la (porque ele não sabe), mas sobre como fomenta-la (o que parece ser a sua especialidade) – Os parenteses são do responsável pelo HBlog.-.

Bem no inicio do seu governo, continua Galván Ochoa, estorou mais um escándalo financiero envolvendo o Governo Federal, quando foi achada uma fortuna de mais de 200 milhões de dólares em dinheiro, numa residencia particular da cidade do México, no bairro grãfino de Lomas de Chapultepec, pertencente a um conhecido comerciante chinés de nome, Zhenli Ye Gon. Levado para a DP mais próxima, Zhenli declarou que teria recebido o dinheiro, com a recomendação do Dr. Javier Lozano (à época Ministro do Trabalho) para “guarda-lo”. Na ocasião, o comerciante teve seus 15 minutos de gloria ao declarar, extremamente nervoso e com forte sotaque chinés, que nada sabia à respeito e que escondeu o dinheiro porque lhe teria sido entregue com a ameaça de “coopelas ou cuelo” o que numa libre interpretação (e tradução) acompanhando seu ademã, em clara referencia à degola a ser sofrida, refería-se a expressão ameaçadora: “ou cooperas ou pescoço”.
Desnecessário dizer que toda a força do Estado concentrou-se na defesa do Ministro, o que continua acontecendo até hoje, quando já ocupa o cargo de Senador da República.
Ao que parece a tal fortuna era constituida pelas famosas sobras de campanha do recente pleito eleitoral do qual Calderón teria saido vitorioso (fato este semelhante e de triste lembrança no Brasil, quando o então Presidente já eleito, Fernando Collor de Mello teve que montar historias, posteriormente desmentidas, de suposto empréstimo de dinheiro no exterior, para poder financiar a sua campanha).
À distancia, já é perfeitamente possível, continua o jornalista Galván Ochoa, establecer três hipóteses:
a).- Efetivamente a origen do dinheiro suspeito, foi à arrecadação de fundos para a campanha “calderonista” à Presidência da República;
b).- Calderón decidiu lançar as tropas de choque logo no primeiro mês do seu governo por temer uma insurreição gerada pela fraude eleitoral em que estaba envolvido (muito embora tal posibilidade nunca tenha pasado pela mente dos partidarios do seu adversario político, Andrés Manuel López Obrador); e
c).- Alguma ou algumas das máfias que teriam feito contribuições significativas para sua campanha, sentiram-se lesadas, desatando, consequentemente, a violencia em que mergulhou o mandato presidencial de Calderón, ao longo dos seus seis anos no exercício do poder.

É toda uma tese, conclui Galván Ochoa, que vale a pena ser analisada, notadamente neste ano em que Calderón será “bolsista” em Harvard.
Paralelamente, ao que se sabe, continuam os esforços mexicanos para leva-lo até a Corte Internacional de Justiça, pela matança que provocou sua louca corrida pelo poder e (complemento eu) mantida durante os seis anos do seu mandato em que morreram mais de 80,000 mexicanos inocentes.

(*) O “Calderonismo”, que na verdade nunca foi e longe se encontra de representar um movimiento político no México, é apenas uma expressão utilizada para incluir tudo aquilo que representou e/ou representa ligação com o expresidente do México Felipe de Jesús Calderón Hinojosa (Partido Ação Nacional –PAN -2006-2012).

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AO MESTRE COM CARINHO

A CRÔNICA DO DESENCONTRO

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Por razões mais do que obvias em 1969 o Mestre Oscar estava na França, aliás, todos os brasileiros sabiam que Oscar estava na França, à exceção do Itamarati e do gringo aqui que achou que poderia ter a oportunidade de trabalhar com ele.
Este nosso desencontro se prolongaria até hoje em que o Mestre ainda se encontra na Praça dos três Poderes em Brasília, recebendo as homenagens post-mortem a que tem direito.
Mas ele volta. Ainda hoje o Rio de Janeiro o receberá de volta porque a Dona Vera, sua mulher e a família Niemeyer (imagino) não aceitaram que fosse enterrado na Capital que ele criou (mas da qual, os regimes de exceção, o afastaram para sempre).
Aliás, algum destes representantes da malfadada ditadura, teria enviado um recado para o mestre, dizendo que lugar de arquiteto comunista, não era em Paris, mas em Moscou.

Estas líneas representam a minha mais sincera homenagem ao mestre Oscar, não apenas na área da arquitetura, mas principalmente na vida.
Quando o Geneton Moraes Neto, brilhante jornalista pernambucano, lhe pediu para definir a vida numa só palavra, o Mestre não teve dúvidas: “SOLIDARIEDADE”, respondeu.
A grande verdade é que sua arte arquitetônica (me desculpe Mestre), plasmada nos incontáveis memoriais, nos projetos de universidades, de hotéis de prédios públicos e de catedrais, embora admirável, não alcançou a transcendência do seu legado espiritual, em que, como homem não religioso (até porque nunca precisou se religar com o criador, porque com Ele sempre esteve), trabalhando até o último dia em que isto lhe foi possível, deixou transparecer seu incomensurável humanismo social, entranhado nas grandes causas emancipatórias do povo brasileiro.
Da dor pela fome dos humildes ao movimento das “Diretas Já” e da defesa intransigente da causa de Prestes até à postura incorruptível pelos direitos dos povos indígenas, o Mestre Oscar deixou claro para o povo brasileiro seu objetivo na vida e sua determinação férrea para alcança-lo.

Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares nasceu em 15 de dezembro de 1907 e se adiantou na caminhada faltando escassos dez dias para comemorar seus 105 anos de uma vida intensa e lúcida até o fim das suas forças. Sua energia chegou a fim, mas o seu legado permanecerá conosco ainda por muitos anos; Façanha esta que até agora, poucos brasileiros conseguiram.
Encontrei o moço Ribeiro de Almeida, como ele teria gostado que o identificassem (por ter sido criado admirando o exemplo de lisura na vida pública do avô materno, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Antônio Augusto Ribeiro de Almeida) em várias ocasiões do tipo social, na nossa Cidade. Mas por alguma razão, que até agora não consegui identificar, mantive sempre o gosto pelo desencontro. Era famoso de mais, era ídolo e mestre. Era ícone no País que me acolheu para viver. Até hoje guardo com carinho sua assinatura em alguns dos seus livros em que se lê: “Para Humberto Borges com carinho” ou então, “Para o amigo Humberto”.
Quantas vezes me surpreendi passeando, só ou acompanhado pelo “Caminho Niemeyer”, ideia concretizada pelo meu parceiro e amigo João Sampaio quando prefeito de Niterói, (hoje reunido de novo com os Mestres) até atingir, invariavelmente, o Museu de Arte Contemporânea da cidade do Arariboia.
Mas o que sempre me ligou ao mestre foi uma carta. Uma simples carta. Um verdadeiro tesouro, danificado pela ação do tempo e restaurado com amor por mãos profissionais. Sua mensagem teria que ser perpetuada, mesmo sem saber ao certo os motivos. Em linguagem simples e direta, esta carta solicitava, em nome dos objetivos de Intercâmbio Cultural do Itamarati, um estagio para um arquiteto mexicano recém-formado. Passados 43 anos de ter sido assinada, no auge da ditadura militar (agosto de 1969), pelo Chefe Substituto da Divisão de Cooperação Intelectual do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, posteriormente Secretário Geral do Ministério entre 2001 e 2003, “curiosamente” filho de um admirador da então União Soviética, chamado Osmar Vladimir Chohfi, continua esperando pelo desejado destinatário, apenas com a diferença de que hoje não mais é portadora de um pedido, mas de um profundo agradecimento pelo seu exemplo de vida que, sem necessidade de trabalharmos juntos, me legou tantos e tão profundos conhecimentos.

A partir de hoje, continuo a torcer pelo reencontro. Sinto a presença do Mestre Oscar, num lugar de destaque no Ministério da Reencarnação, como detalhado pelo amigo André Luiz, tentando certamente a remodelação, junto com Lúcio Costa, do “Nosso Lar” . Que Deus o abençoe nas suas novas atividades.
HB

“Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein”.
Oscar Niemeyer

“Não me sinto importante. Arquitetura é meu jeito de expressar meus ideais: ser simples, criar um mundo igualitário para todos, olhar as pessoas com otimismo. Eu não quero nada além da felicidade geral”.
Oscar Niemeyer

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FIASCO NA GUERRA AO TRÁFICO MARCA GESTÃO DE CALDERÓN

NO FIM DO SEU MANDATO, CALDERÓN PASSOU A DEFENDER DISCUSSÃO SOBRE LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS

Despedida do Presidente CalderónEstrellita para CalderónEm artigo de página inteira, a jornalista Elisa Martins, em “especial” para o Globo Mundo de 02/12/2012, relata à volta ao poder do Partido Revolucionário Institucional (PRI) na pessoa de Enrique Peña Nieto, após 12 anos de comandar entre bastidores os períodos governamentais do Partido Ação Nacional (PAN) representado por Vicente Fox (2000-2006) e Felipe Calderón (2006-2012).
A observação “de comandar entre bastidores os períodos governamentais do PAN”, obviamente não é da jornalista, mas do responsável pelo BLOG (Humberto Borges) e está baseada na representação majoritária do PRI, tanto na Câmara dos Deputados como no Senado Federal durante os dois períodos governamentais do PAN (2000-2012), além de ter demonstrado no seu livro “A Versão dos Vencidos: Uma ótica sobre a História do México”, a cumplicidade entre os dois principais partidos políticos do País numa conveniente alternância do poder, inclusive, chegando ao ponto da fraude eleitoral e de outras práticas, no mínimo desonestas e vergonhosas.
A seguir, reproduzimos o trecho da matéria em que se refere à triste e melancólica saída de Calderón da Presidência da República, tendo que migrar para os EUA, tanto pela ameaça dos chefões do tráfico, como pela total dificuldade de conviver com quase a metade dos mexicanos a lhe exigir, durante todos os dias da sua vida a coerência e a honestidade de principios que caracterizaram sua passagem pelo poder.
– Felipe Calderón assumiu a Presidência do México em 2006 sob protestos, acusações de fraude e uma vantagem de apenas 0,56 ponto percentual em relação ao esquerdista Andrés Manuel López Obrador. Seis anos depois, ele hoje deixa o comando do País diante de uma polémica ainda maior: a responsabilidade por ter levado as forças armadas às ruas em uma guerra contra o crime organizado que deixou pelo menos 60,000 mortos, 10,000 desaparecidos e a sensação de fracasso absoluto.
Calderón fez do combate ao narcotráfico uma bandeira em seu governo. Apesar de nunca tê-la citado como promessa de campanha, poucos dias após a posse colocou o Exército nas áreas mais afetadas pelos cartéis das drogas, principalmente no Norte, na fronteira com os EUA. Se por um lado o México viu uma perseguição inédita aos líderes do crime organizado (25 dos 37 mais procurados foram presos ou mortos), os confrontos deixaram um número recorde de vítimas. ONGs locais falam em até 90 mil pessoas assassinadas, com um efeito devastador sobre os civís e os migrantes que cruzam o México em busca do sonho americano.
– Essa guerra gerou mais violência e isso vai perseguir Calderón por toda a vida. Foi uma guerra incompleta, em que se usou o enfrentamento direto em um tema que exigiria indulgência, educação e recomposição do tecido social – afirma o jornalista José Reveles, especialista em segurança pública.
Com a saída de Calderón, encerram-se 12 anos de governo do Partido Ação Nacional (PAN). Como seu antecessor, Vicente Fox (2000-2006), ele não gerou os empregos prometidos nem mitigou a pobreza que atinge 52 milhões de mexicanos – quase a metade da população. Curiosamente, deixa o poder com popularidade acima da esperada. Segundo pesquisa da consultoria Buen Dia & Laredo, com o jornal “El Universal”, 64% dos mexicanos aprovam parcial ou totalmente seu desempenho.
– Essa popularidade pode ser explicada pelo fato de que nos últimos meses não houve escandalos midiáticos de violência. Além disso. o governo termina com bons indicadores econômicos e perspectivas de crescimento. Nos últimos dias, ele ainda inaugurou uma série de obras, o que dá a impressão de ter cumprido promessas – diz o analista político Genaro Lozano, do Instituto Tecnológico Autônomo do México.
No fim do seu mandato, Calderón surpreendeu na Assembleia Geral da ONU ao defender um debate sobre formas alternativas de combater o crime organizado – o que incluiria a discussão da legalização das drogas. A declaração foi encarada como ofensiva por alguns analistas, já que justamente a postura proibicionista moveu a guerra de Calderón. A discussão sobre a ainda distante legalização das drogas no México, porém, recairá sobre seu sucessor. Calderón acompanhará o debate de Massachusetts, onde viverá com a família a partir de 2013. Ele aceitou um convite para lecionar na Universidade de Harvard.
A saída do México seria também por uma questão de segurança.
Elisa Martins

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